17 de setembro de 2013

BD Steampunk - Personagens II




Gisela de Mascaranhas

É a jovem filha única do Conde de Mascaranhas, com 20 anos, e é alvo das atenções de mais que muitos pretendentes (ela é bonita e a fortuna do Conde de Mascaranhas também) mas por seu lado não quer saber, e considera-se apenas a pretendente mais ou menos secreta do Tenente Jonathan Vasconcelos Beresford. Pelos padrões da época, claro, deveria ser ao contrário, mas o rapaz é tão atadinho que ela se cansou de esperar e resolveu tomar o assunto nas suas próprias mãos. Vasconcelos Beresford é o único que não se apercebe de nada e age sempre de maneira muito formal com ela, com medo de a ofender, embora sinta o mesmo. Na realidade é o mais inapto dos seus pretendentes. Isso por vezes deixa-a furiosa, quase com vontade de partir um vaso na cabeça do tenente (“mas não com muita força porque ele, no fundo, não tem culpa”).
Gisela faz tudo o que seria de esperar de uma menina de bem na sociedade da época mas como fã incondicional da Senhora Shelley e da senhora Austen (que ela não se cansa de elogiar) tem uma mente sagaz e subversiva se bem que romântica. Isso confunde Beresford como tudo. Ela, por seu lado, jurou que seria sua responsabilidade meter aquele rapaz no “bom mau caminho” nem que seja a ultima coisa que faça.
Simpática e inocente tende a largar as suas impropriedades nas conversas com um sorriso de brincadeira que a torna impossível de censurar. No entanto não abusem, pois ela considera-se uma mulher independente e não vai tolerar condescendências excessivas. Por exemplo, agora apenas toca harpa porque, depois daquele incidente em que partiu o violino na cabeça de um pretendente que estava a passar das marcas, qualquer instrumento que pudesse ser usado como arma romba lhe ficou proibido. (Em defesa dela ele tinha-lhe chamado “minha menina” de forma extremamente irritante… “menina”, quando tinham os dois a mesma idade, era mau… “minha” era francamente pior.)
Fisicamente é franzina (sim, o que fez com que a coisa do violino tivesse chegado como uma surpresa) e usa caracóis aos cachos, tem olhos grandes e bastante expressivos.


Tenente Jonathan Vasconcelos Beresford


Tem 26 anos e é alto e elegante; o seu aspecto, com cabelos loiros e olhos claros, revela bem as suas origens Luso-Britânicas.
O pai dele foi importante durante a guerra peninsular e por isso Jonathan tem um lugar no exército. Foi educado num colégio militar e isso vê-se na sua postura. Usa sempre o seu uniforme, com o maior dos orgulhos. É secretário da Câmara do Comércio porque gere uma cadeia de mercearias que pertenciam à família da sua mãe.
Tem talento e interesse em engenharia, mas é bastante inseguro e, apesar de ser bom na área, tem dificuldade em se impor. Normalmente é a voz da razão nas discussões da Câmara do Comércio, mas devido à sua forma excessivamente polida e calma de falar acaba por nunca ser levado a sério. No final a sua educação militarista, que o programou para obediência cega à autoridade, acaba por fazer com que ele se cale acreditando piamente que os seus superiores devem ter razão. Mais frequentemente do que não, esse não é o caso.
É introvertido e isso sobressai particularmente no seu relacionamento com o sexo oposto. De facto, quando Gisela de Mascaranhas se separou do grupo de pretendentes que a rodeavam no baile dedicado aos ex-alunos do Colégio Militar para vir falar, muito casualmente, com ele, Jonathan mal pôde acreditar na sua sorte. Foi exactamente isso que pensou, palavra por palavra. Desde esse dia é completamente fascinado por ela, mas tem demasiado receio de ser desrespeitoso para com “uma boa amiga” para o revelar. Afinal, pensa ele, ela já tem tantas pessoas interessadas nela que mais uma só seria outro problema. Para além do mais acha que a maior parte dos pretendentes oficiais de Gisela são muito mais adequados socialmente que ele. 
Yep, o jovem Beresford pode ser bom rapaz, mas tem toda a aptidão social de uma amiba particularmente inapta nesse departamento.

Rui Leite - textos
Rui Alex - imagens

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